Um som ligado, uma vela acesa, incensos e um pacote de biscoitos aberto. O cenário que, se não fosse pelo último item poderia parecer um tanto místico, é o ambiente onde Priscila Dias, de 23 anos, desenvolve sua arte. Dalí, colares multicoloridos,feitos de variados materiais, diferentes do que as frequentadoras de shopping Center estão habituadas a comprar, são produzidos diariamente. E pra criar brincos, colares e pulseiras, Priscila prova que é bem possível sim, dispensar a leitura de revistas sobre alta costura. Afinal, quem deu a idéia de começar a criar acessórios para vender não foi nenhuma revista de moda, e sim a tia Bete, durante um café da tarde.

A inspiração vem de tudo que Priscila sente, ouve e vê. Músicas de que gosta e pintores favoritos são constante fonte de ideias e até mesmo um passeio de bicicleta pode resultar em novas criações. A grande culpada de tudo, aponta, é a mãe. Quando Priscila e a irmã eram crianças, tudo o que era arte era brincadeira, e até mesmo fogueira no carpete de casa a mãe das meninas inventou para entretê-las. A mãe artista ajudou em muito para a formação da filha, agora também artista. Uma alma livre que permite a criação de uma arte livre.

Apesar de possuir porte pequeno, Priscila tem uma imagem marcante. Ela diz que os cabelos com grandes cachos e suas roupas coloridas fazem com que muitas pessoas a estranhem e a julguem esquisita. Mas o que vale são aqueles desconhecidos que, inesperadamente interrompem o que estão fazendo para dizer que gostaram do cabelo e das roupas diferentes da menina. E um dos ideais de Priscila é relacionado justamente à beleza feminina. E por isso mesmo, as fotos de divulgação da marca Intimo Colorido, da qual é dona, são fotos de meninas com uma beleza verdadeira e diferente do encontrado em capas de revista. “Por que eu iria chamar uma modelo para representar minha marca? Quem representa minha marca são minhas próprias clientes, são elas que usam, que acompanham e vibram com o meu trabalho, e é essa a imagem que quero vender com o meu produto, essa imagem real”.

As “alternativas” são as que mais compram, mas o desejo de Priscila é que aquelas meninas habituadas a comprar em shoppings também passem a se interessar por seu trabalho. Não pelo consumo, mas como uma forma de abertura para novos tipos de arte.

( texto desenvolvido por Julliana Baue, aluna do curso de jornalismo da PUC-PR)